quinta-feira, 15 de abril de 2010

Terra de ninguém

Tu és terra de ninguém.
Não és mar, não és deserto.
És um corpo em movimento, desalinhado, á procura de carinho.
Quando foges andas por ai á procura de qualquer coisa.
Qualquer coisa que preencha essa tua terra.

Dos meus braços fazes a tua casa, do meu corpo um caminho sereno, da minha boca uma fonte de água, dos meus cabelos um sol e uma lua.
E então descobres que não fomos feitos para ficarmos sós.
Nós não estamos sós.

Descobres que, contra tudo aquilo que previas, não são os outros que têm que mudar e sentes, pela primeira vez, o coração frio.
De repente, procuras a sinfonia perfeita para a palidez de uma vida e, dás-te conta, que não existem pautas para ler e que a melodia torna-se desconcertante.
É tudo improvisado.

Tu és terra de ninguém porque não queres que ninguém te pertença.
É legitimo mas não deixa de ser vago.

Só te peço que nunca me traias.
Não estou a falar da traição indigna dos amantes.
Falo-te na pior traição de um ser humano.
A mentira.

Mesmo quando se é terra de ninguém.

RF

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