terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Indiscutivelmente Meu

Ontem revi umas videocassetes tuas. Pensava que já não as tinha. Pela primeira vez, em muitos anos, ouvi de novo a tua voz que estava a esquecer com o tempo. O tempo, esse inimigo das memórias. Confirmei a certeza do amor eterno que sinto por ti e esta tristeza que me consome por não estares perto de mim. Mas que hei-de eu fazer? Apenas entregar-me ás imagens desses vídeos quando a saudade apertar. Todos os dias penso em ti e todas as noites espero que invadas os meus sonhos, que marques a tua presença e me digas que sempre estiveste em mim porque eu sou teu filho e mereço muito mais. Somos inabaláveis no que diz respeito á questão dolorosa que é o amor. Libertei-te de mim para que possas voar livre e, nos entretantos da vida, fomos ficando mais sós. A solidão, ás vezes, é difícil de suportar não por estares longe mas por nunca mais estares. É esta a linha ténue da felicidade humana. Amo-te infinitamente porque és metade daquilo que eu sou e muito mais. Por vezes, ainda te sinto presente e penso: Este também sou eu. E assim tu sobrevives em mim.

É longa e dura esta luta para te alcançar mas chego a ti todos os dias. Todos os dias penso em ti e todos os dias vivo por ti. Sempre. E quanto mais me conheço mais me sinto teu filho. Por isso tenho direito inegável sobre o teu ser. Por isso digo que és meu. Indiscutivelmente meu. E, para mim, isso basta.


Dedicado ao meu pai.

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